sexta-feira, 29 de junho de 2007

Cada um de nós

"(...) Mas tudo para mim foi difícil e provisório, porque eu estava impaciente pelo que não era isso. Mas havia um cerimonial a cumprir para afastar o mais possível o seu terceiro andar de uma casa de passe. Oh, gostei bem que não fosse, eu amava-te decerto. Era um amor geometrizado na linearidade do teu corpo, como hei-de dizer? no rigor de seres um ser corpóreo. Porque o teu corpo perfeito adiantava-se sobre ti e era com ele que eu primeiro me defrontava. Que é que quer dizer amor? contigo não o sabia, nunca o soube, teria alguma significação? ou a significação não é dele mas de cada um de nós ou de tudo aquilo com que somos cada um de nós. (...)"
.
Vergílio Ferreira, in 'Até ao Fim'

Sem comentários: