"É noite. O jardim resplandece à luz fraca, rasteira dos candeeiros. Ganha espessura o teu jardim, ganha vida, respondeste, olhei para as ondas, percebi que era ao seu movimento cadenciado, como um corpo adormecido, que te referias. Claro, é mais parecido, na sombra da noite escura, com o mar. O teu silêncio, depois uma pausa, depois de novo o teu silêncio, respiraste fundo: não, sim, ou melhor, sim, não. Como o mar, disseste, mas não pelas formas, sim por causa das almas que o habitam, cada corpo que aqui se deitou, cada abraço, cada grito ou choro de criança ou zanga de adulto ou mão hábil de jardineiro, a sua história só de noite se vê, recortada contra a luz que nos cega. A luz da noite, percebes? Os teus dedos tocaram nos meus ombros, os meus ombros encostaram-se aos teus dedos, foram ao encontro das mãos, roçaram pelos teus seios, aconchegaram-se no côncavo do teu corpo. Os restos de uma onda vieram cobrir-me os pés."
terça-feira, 10 de julho de 2007
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