quinta-feira, 14 de junho de 2007

A minha solidão

"Amo-te tanto que te não sei amar, amo tanto o teu corpo e o que em ti não é o teu corpo que não compreendo porque nos perdemos se a cada passo te encontro, se sempre ao beijar-te beijei mais do que a carne de que és feita, (...) se depois de ti a minha solidão incha do teu cheiro, do entusiasmo dos teus projectos e do redondo das tuas nádegas, se sufoco da ternura de que não consigo falar, aqui neste momento, amor, me despeço e te chamo sabendo que não virás e desejando que venhas do mesmo modo que, como diz Molero, um cego espera os olhos que encomendou pelo correio."

António Lobo Antunes, in 'Memória de Elefante'

2 comentários:

Anónimo disse...

gosto do teu blog. Mesmo muito. E sigo-o bem de perto diariamente. No entanto, não posso deixar de estranhar que as postagens coincidam tanto, e tantas vezes, com um outro que também sigo muito
- http://para-sempre-.blogspot.com
Parabéns e muito obrigado por tantos e tão belos textos aqui deixados. Dina

Pedro Rapoula disse...

Não é coincidência. Também gosto muito do Para Sempre e muitas vezes vou lá buscar alguns textos que me tocam mais.

Obrigado por continuar a ler-me!

PR