"Não há maior comédia que a minha vida; e quando quero ou chorar ou rir, ou admirar-me ou dar graças a Deus ou zombar do mundo, não tenho mais que olhar para mim.
Eis-me aqui, na fortaleza da solidão, em desterro de silêncio (...), carecido de tempo para responder a tão novas e dilatadas matérias, cercado de professias e prognósticos, e para mais febril e com receio de que a febre se faça ou seja habitual e que a debilidade do sujeito fique incapaz de outros remédios.
Ergo meus olhos ao céu e rezo para que a escuridão da noite se deixe rasgar pela faísca de uma estrela."
Eis-me aqui, na fortaleza da solidão, em desterro de silêncio (...), carecido de tempo para responder a tão novas e dilatadas matérias, cercado de professias e prognósticos, e para mais febril e com receio de que a febre se faça ou seja habitual e que a debilidade do sujeito fique incapaz de outros remédios.
Ergo meus olhos ao céu e rezo para que a escuridão da noite se deixe rasgar pela faísca de uma estrela."
Padre António Vieira, in Cartas
(400 anos passados do seu nascimento)
(400 anos passados do seu nascimento)
3 comentários:
As sensações e sentimentos reflectidos neste blog são relevantes de uma enorme inteligência e sensibilidade, mas, também, de um enorme egoismo por parte do seu autor. (uma parte desse egoismo não é perceptível pelo autor, outra parece fazer já parte da sua existência).
É pena que não consiga ter a inteligência para tirar partido das coisas que o mundo e a vida lhe proporcionam espontanea e naturalmente.
São muitas as pequenas coisas boas da vida, mas elas não podem ser vividas com egoismo e sem sensibilidade. (apesar de o autor parecer estar ciente e convicto que a tem).
Sem essa capacidade de perceber as coisas e os outros não conseguimos ser felizes.
Da leitura atenta de diversos excertos deste blog, ressalta que o autor pretende alimentar-se do tudo e do nada.
Todos nós teremos tido algumas boas situações na vida!!!!Para quê mentir.
Mas teremos todos tido a sorte de, algum dia, tropeçar na felicidade e no bem estar?
Esta situação deverá acontecer sobretudo aos mais inteligentes e sensíveis (parece ser o caso do autor).
Se tal algum dia aconteceu ao autor (verdadeiramente) e não soube utilizar as coisas e oportunidades únicas da vida entáo esta já não é uma atitude superior.É pena.
Porquê tanto sofrimento?
Podemos pensar que as experiências passadas da nossa vida nos mostraram que ser igoista é uma posição adequada e segura, mas é perigoso adoptar esta atitude de forma permanente.
Este blog infelizmente atinge o limiar da agonia e do vazio , recorrendo pretenciosamente a excertos de poetas que, em conjunto, fazem transparecer uma mensagem de nada a que todos nos devemos recusar.
Peço desculpa de não recorrer a nenhum poeta para dar a minha opinião e sobretudo de ter uma atitude positiva da vida....
Caríssimo Anónimo,
Muito obrigado pelo seu comentário/análise. Toca em pontos interessantes. Mas permita-me que discorde de algo que refere: eu tiro partido das coisas que o mundo e a vida me proporcionam espontanea e naturalmente. Eu gosto das coisas boas da vida e não as desprezo. Se faz essa leitura do meu carácter pelos textos que publico, está a confundir tudo. Este espaço é apenas a minha vertigem, a minha atracção pelo abismo. Que existe em toda a gente, com maior ou menor intensidade.
Obrigado por "perder" o seu tempo aqui. Espero que continue a ler este blog, apesar do "limiar da agonia e do vazio", e de eu recorrer "pretenciosamente a excertos de poetas". Transcrevo o que leio e o que gosto. Não existe pretensão a coisa nenhuma até porque sempre fiz este espaço só para mim.
Continue com a atitude positiva da vida! Só lhe faz bem!
Abraço.
Pedro Rapoula
Há pessoas, tons, comentários que me deixam abismada! Considero-me uma pessoa relativamente tolerante mas perante a ingratidão e a falta de respeito fico sem argumentos racionais a esgrimir.
Leio vários blogs e agradeço a disponibilidade dos que escrevem e povoam os meus inicios de noite mantendo-me actualizada do pais e do mundo ou transportando-me para o mundo das palavras, que antes "consumia" vorazmente e agora sinto que o tempo é curto para as procurar...
Por isso não percebo o comentário do anónimo, sobretudo nessa mesma qualidade de ocultação de identidade.
Somos adultos e livres; cada click projecta-no para páginas onde escolhemos entrar; se delas não gostarmos temos de novo a liberdade de as fechar.
Por isso não percebo o ataque gratuito ao blog e acho mesmo que o Pedro estava no direito de não responder educadamente, como o fez.
Eu, que me considero defensora da liberdade de expressão, acho que a mesma tem limites e contextos onde pode ser exercida. Neste blog não se debatem ideias, como em tanto outros. Neste blog experienciam-se sensações.
Sofia
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