Há no meu pensamento qualquer coisa que vai parar.
Talvez esta coisa da alma que acha real a vida,
Talvez esta coisa calma que me faz a alma vivida ...
Sopra um vento excessivo...
Tenho medo de pensar...
O meu mistério eu avivo se me perco a meditar
Vento que passa e esquece, poeira que se ergue e cai...
Ai de mim se eu pudesse saber o que em mim vai..."
Fernando Pessoa
2 comentários:
Tenho ouvido esse poema todas as noites pela voz de camané ... belíssimo.
Pedro Morais Correia
(a linha de sombra)
Como já percebi que estamos em fase de camané aqui vai. Até sempre:
Se não matas a saudade,
quando morres de vontade
de pôr à saudade fim,
é talvez porque preferes
ter da saudade o que queres
e não me pedes a mim,
É talvez porque preferes ter da saudade o que queres,
mas não me pedes a mim.
Na saudade em que me deixas
é penhor das tuas queixas,
por não dizeres a verdade.
Bastava que me pedisses, de cada vez que me visses,
o que pedes à saudade.
Bastava que me pedisses, de cada vez que me visses, o que pedes à saudade.
O que dás, se me não vês,
não consigo que me dês,
por timidez ou vaidade.
E a saudade que vais tendo,
com ela vives morrendo
para me matares de saudade.
E a saudade que vais tendo,
com ela vives morrendo,
para me matares de saudade.
Talvez seja o que tu queres
e é por isso que preferes
a saudade em vez de mim,
Morrendo os dois de saudade,
temos toda a eternidade para pôr à saudade fim.
Morrendo os dois de saudade, temos toda a eternidade para pôr à saudade fim.
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