quarta-feira, 7 de maio de 2008

Só em minha alma é noite escura



"Não queiram mal a quem canta quando uma garganta esta desgarra
que a mágoa já não é tanta se a confessar à guitarra.
Quem canta sempre se ausenta da hora cinzenta da sua amargura
Não sente a cruz tão pesada na longa estrada da desventura.
Eu só entendo o fado plangente, amargurado, à noite a soluçar baixinho
Que chega ao coração num tom magoado, tão frio como as neves do caminho.
Que chore uma saudade ou cante a ansiedade de quem tem por amor chorado.
Dirão que isto é fatal, é natural, mas é lisboeta e isto é que é o fado.
Oiço guitarras vibrando e vozes cantando na rua sombria
As luzes vão-se apagando a anunciar que é já dia
Fecho em silêncio a janela, já se ouvem na viela rumores de ternura
Surge a manhã fresca e calma, só em minha alma é noite escura.
Eu so entendo o fado plangente, amargurado, à noite a soluçar baixinho
Que chega ao coração num tom magoado tão frio como as neves do caminho
Que chore uma saudade ou cante a ansiedade de quem tem por amor chorado.
Dirão que isto é fatal, é natural, mas é lisboeta e isto é que é o fado..."

por Raquel Tavares

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