quinta-feira, 21 de agosto de 2008

À procura de um país de árvores


"Ainda espero o amor
como no ringue o lutador caído
espera a sala vazia


primeiro vive-se e não se pensa em nada

não me digam a mim
com o tempo apenas se consegue
chegar aos degraus da frente:
é difícil
é cada vez mais difícil entrar em casa

não discuto o que fizeram de nós estes anos
a verdade é de outra importância
mas hoje anuncio que me despeço
à procura de um país de árvores

e ainda se me deixo ficar
um pouco além do razoável
não ouvem? O amor é um cordeiro
que grita abraçado à minha canção"

José Tolentino Mendonça, in 'A noite abre meus olhos"

2 comentários:

m.m. disse...

Entre esperas lamentavelmente razoáveis, fitamos, apesar de tudo, como Dante a sua Eurídice, os anos que por nós passaram. Importa, sim, tentar sair desse limbo e, mesmo contra todos os mitos, olhar em frente, para aquela Terra que nos é capaz de prender as raízes que trazemos aparentemente sem vida!

Ricardo Pulido Valente disse...

boa escolha:)