domingo, 14 de setembro de 2008

Pelo olhar que demora

"Diz-me agora o teu nome se já dissemos que sim
pelo olhar que demora porque me olhas assim
porque me rondas assim
toda a luz da avenida se desdobra em paixão
magias de druida p’lo teu toque de mão
soam ventos amenos p’los mares morenos
do meu coração
espelhando as vitrinas da cidade sem fim
tu surgiste divina porque me abeiras assim
porque me tocas assim
e trocámos pendentes, velhas palavras tontas
com sotaque diferentes, nossa prosa está pronta
dobrando esquinas e gretas, p’lo caminho das letras
que tudo o resto não conta
e lá fomos audazes, por passeios tardios
vadiando o asfalto, cruzando outras pontes
de mares que são rios
e num bar fora de horas se eu chorar perdoa
ó meu bem é que eu canto
por dentro sonhando
que estou em Lisboa
dizes-me então que sou teu, que tu és toda p’ra mim
que me pões no apogeu, porque me abraças assim
porque me beijas assim
por esta noite adiante, se tu me pedes enfim
num céu de anúncios brilhantes
vamos casar em Berlim
à luz vã dos faróis, são de seda os lençóis
porque me amas assim


Fausto por Cristina Branco, in 'Ulisses'

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