pelo olhar que demora porque me olhas assim
porque me rondas assim
toda a luz da avenida se desdobra em paixão
magias de druida p’lo teu toque de mão soam ventos amenos p’los mares morenos
do meu coração
espelhando as vitrinas da cidade sem fim
tu surgiste divina porque me abeiras assim porque me tocas assim
e trocámos pendentes, velhas palavras tontas
com sotaque diferentes, nossa prosa está pronta
dobrando esquinas e gretas, p’lo caminho das letras
que tudo o resto não conta
e lá fomos audazes, por passeios tardios
vadiando o asfalto, cruzando outras pontes de mares que são rios
e num bar fora de horas se eu chorar perdoa
ó meu bem é que eu canto por dentro sonhando
que estou em Lisboa
dizes-me então que sou teu, que tu és toda p’ra mim
que me pões no apogeu, porque me abraças assim porque me beijas assim
por esta noite adiante, se tu me pedes enfim
num céu de anúncios brilhantes
vamos casar em Berlim
à luz vã dos faróis, são de seda os lençóis
porque me amas assim
Fausto por Cristina Branco, in 'Ulisses'
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