segunda-feira, 20 de abril de 2009

Já não posso andar só


"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio."


Alberto Caeiro

1 comentário:

espinhos e outras flores disse...

Venho aqui muitas vezes, ler e inquietar (ou aquietar) o espirito com o que aqui se pode ler. Não sou muito de comentários. Mas este poema é das coisas mais belas já escritas. Por mais vezes que o leia, não consigo ficar indiferente a esta "grandiosa" simplicidade!...