terça-feira, 5 de maio de 2009

De tanto chorar por ti



"Assim que o barco partir
Rezando a Deus vou pedir
Que te dê felicidade
Que te dê boa viagem
E a mim me dê coragem
Para suportar a saudade

Se não for à despedida
A razão ó minha querida
é fácil de adivinhar
É que a saudade é medonha
E depois tenho vergonha
Que alguém me veja chorar

Se acaso um dia voltares,
Feliz, e não me encontrares,
Ouvires dizer que morri
Foi de saudades, não nego,
Ou então devo estar cego
De tanto chorar por ti"

Carlos Ramos
(estes dias vão ser longos...)

2 comentários:

Anónimo disse...

Como aceitar que os amores partem? Como sobreviver ao amargo gosto da despedida? Como suportar a saudade, quando não nos resta nem a fé naquele Deus que poderia tornar o fardo um tanto mais leve? Respostas que não encontro, mas que vou aprendendo nos intervalos dos lerdos passos que dou... Os dias, de fato, soam longos mesmo, meu amigo. Mas está aí algo que tu vens me recordar: se a lentos passos eu (ainda) sigo, talvez a fé não esteja tão ausente assim...

Abraços da amiga!

Intermúndio disse...

"Fluido, o abandono do dia finda entre púrpuras exaustas. Ninguém me dirá quem sou, nem saberá quem fui. Desci da montanha ignorada ao vale que ignoraria, e meus passos foram, na tarde lenta, vestígios deixados nas clareiras da floresta. Todos quando amei me esqueceram na sombra. Ninguém soube do último barco. No correio não havia notícia da carta que ninguém haveria de escrever. Tudo, porém, era falso. Não contaram histórias que os outros houvessem contado, nem se sabe ao certo do que partiu outrora, na esperança do embarque falso, filho da bruma futura e da indecisão por vir. Tenho nome entre os que tardam, e esse nome é sombra como tudo." (Livro do Desassossego)