"Era a noite que caía
E na sombra recolhia
O voo das andorinhas.
Era a voz que se calava,
Era a dor de ver que estava
Sem as tuas mãos nas minhas.
Eram passos que escutei,
Que eram teus ainda pensei,
Iludiu-me o coração.
Foram pela rua escura
Longe da minha amargura
E acompanhei-os em vão.
Fiquei perto da janela,
Pus-me a abri-la com cautela,
Fiz disfarce da cortina.
Vi então na luz incerta
Que a rua estava deserta
E deserta estava a esquina.
Era só eu na escuridão,
Era no peito um rasgão,
Era já no céu a lua,
Que me importa?, à minha porta
A sombra que se recorta
Bem pode ainda ser a tua."
Vasco Graça Moura
1 comentário:
Por partilhar de idêntica inquietude, procurei no google o que esta palavra diria e descubro este blogue..cheio de sentimento! Gostei!Mas para tudo isto um pensamento positivo:"alguém um dia vai-nos encontrar no seu jardim"..
Vanessa da Mata"Minha Herança uma Flor" -
"Achei você no meu jardim
Entristecido
Coração partido
Bichinho arredio
Peguei você pra mim
Como a um bandido
Cheio de vícios
E fiz assim, fiz assim
Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei
Fiz tudo, todo meu destino
Eu dividi, ensinei de pouquinho
Gostar de si, ter esperança e persistência
Sempre
A minha herança pra você
É uma flor com um sino, uma canção
Um sonho em uma árvore ou uma pedra
Eu deixarei
A minha herança pra você
É o amor capaz de fazê-lo tranqüilo
Pleno, reconhecendo o mundo
O que há em si
E hoje nos lembramos
Sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza estava juntando
Você e eu
(2x)
Achei você no meu jardim"
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