segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Uma profunda amargura


"Silêncio!
Do silêncio faço um grito
O corpo todo me dói
Deixai-me chorar um pouco.

De sombra a sombra
Há um Céu...tão recolhido...
De sombra a sombra
Já lhe perdi o sentido.

Ao céu!
Aqui me falta a luz
Aqui me falta uma estrela
Chora-se mais
Quando se vive atrás dela.

E eu,
A quem o sol esqueceu
Sou a que o mundo perdeu
Só choro agora
Que quem morre já não chora.

Solidão!
Que nem mesmo essa é inteira...
Há sempre uma companheira
Uma profunda amargura.

Ai, solidão
Quem fora escorpião
Ai! solidão
E se mordera a cabeça!

Adeus
Já fui para além da vida
Do que já fui tenho sede
Sou sombra triste
Encostada a uma parede.

Adeus,
Vida que tanto duras
Vem morte que tanto tardas
Ai, como dói
A solidão quase loucura"

Amália Rodrigues
(para a Natasha, autora da foto. Há mortes que nos entram pela casa quando menos esperamos. São perdas estúpidas, inúteis e revoltantes. Hoje estou revoltado. Perdi uma recente mas boa amiga. Escolheu deixar-nos. E deixou-nos. Sem respostas. Impotentes. E muito mais vazios. Até sempre Natasha!)

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