"Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.
Os abismos das coisas quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!
Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!
Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.
Transpondo os versos vieste a minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!"
Carlos de Oliveira, 'Carta a Ângela'
2 comentários:
Belíssimo. O espaço é ótimo. Até.
São essas (estas) palavras - trocadas por Vida em Partilha (pensada ou simplesmente "querida")- que, sem perder o Tempo que nos foi destinado, nos fazem escolher (surpreendidos), ali, metricamente o (Re)Verso nosso e, em melodias trocadas, deixar-nos em Entrega inexplicável, mesmo na aridez do acorde.
E eis-nos, leitores, a dar traço a cada caracter.
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