quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Demasiado amargo para que queira saber


"Na rua, um silêncio absoluto. Vêm-me à memória ou à imaginação, aquelas manhãs em que esperava pela minha mãe: à memória, porque foram, sem dúvida, manhãs; à imaginação, porque, como a vida, foram e já não voltam. Não sei se é saudade, não sei se é tristeza, não sei, porque é demasiado amargo para que queira saber. Penso num verso: A essência de Ser sufoca ante a visão do vazio infinito. A vida é um problema Distância e movimento, se Deus não chegar, a morte acabará por me levar até Ele e, mesmo aí, Deus pode não estar. Pode ser que Deus seja uma manhã em que eu, fingindo dormir, espere a voz da minha mãe; pode ser que a Morte seja o silêncio das ruas e a Fé uma vontade de sonhar.

Tenho tantas saudades tuas."

Pedro in 'Blog para Nada'

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