quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Longos poentes


"Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.

Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.

Será o mesmo brilho, a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta."

Sophia de Mello Breyner Andresen
(Para o Tiago. Nunca te esqueceremos.)

1 comentário:

Anónimo disse...

"Quando..."
O mesmo que lhe leram a ela, Sophia, no dia em que partiu.
O mesmo que queremos dedicado a quem mais gostamos e a nós, quando a hora chegar.
Sei do o sentimento porque já esteve tão presente!
S.