segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A aurora indecisa


"Não posso adiar o amor

Não posso adiar o amor para outro século
Não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
Ainda que o ódio estale e crepite e arda
Sob montanhas cinzentas
E montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
Que é uma arma de dois gumes
Amor e ódio

Não posso adiar
Ainda que a noite pese séculos sobre as costas
E a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
Nem o meu amor
Nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração"

António Ramos Rosa

2 comentários:

Anónimo disse...

Bonito poema...

Andrea

Anónimo disse...

Vai haver uma altura em que a auto-comiseração, ainda que justificada neste momento, deixe então de fazer sentido. Porque seremos sempre donos do nosso pensamento, apenas do pensamento, resta-nos a vontade de mudar. Que tarda e que nos dilacera. Mas está já ao nosso alcance, aliás, sempre esteve.