terça-feira, 12 de maio de 2009

Quase nada


"Hoje, também os carros dançam. As casas movem-se levemente. E eu - que mudei de casa e de roupa, de cidade e de cama, de palavras... Eu, que mudei de música e de carro, de saudade, de quarto... Eu - que mudei de computador e de rua, de eternidade e de paisagem, de abraço e de clima... Eu - que mudei de língua e de lágrimas, de deus e de caderno, de crenças e de céu... Eu - que mudei de lume, que mudei de medos... Eu - que mudei de planos, de lençóis, de secretária... Eu - que mudei de óculos e de rumo, de amigos, de champô, de rituais e de supermercado... Eu - que mudei de tudo que em quase nada mudou, mudei de dentro de mim para dentro de ti, meu amor."

Filipa Leal

2 comentários:

Fabiana Farias disse...

Que texto mais lindo. Passamos todo ele com uma sensação de melancolia e no final essa surpresa, essa entrega. Adorei!

Andrea disse...

Perfeito.

Andrea