quinta-feira, 19 de abril de 2007

Pergunta

"Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinzas
e despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue
Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos
Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enovoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente
Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer"

1 comentário:

Anónimo disse...

O mundo é feito de perguntas e não sabemos quais vão ser as respostas.
Temos, então, medo das respostas e de fazer as perguntas, sobretudo àqueles que de nós estão mais próximo e de quem mais gostamos. Até porque ao fazer as perguntas indiciamos, sempre, inconscientemente a resposta que queremos intimamente ouvir. Mas nem sempre ouvimos aquilo que queremos que nos digam!
Temos que aguardar serenamente as respostas que tivermos que ouvir à pergunta que fizemos.
Será que o autor tem ouvido e visto o mar?
Será que ainda tem o seu fogo?
Será que ainda sente o vento e as folhas, o ar?