E hoje estou assim, neste limbo entre o cinzento e o azul, neste corpo de saudade e ausência, neste intervalo entre a dor e o riso, neste conflito entre o sentir-me um viajante e um desterrado, nesta distância entre o desconhecido e a descoberta. E depois há o pensar que devo afastar de mim os pensamentos menos felizes para viver em pleno esta experiência de viagem. Mas há também a certeza de que estes períodos de longo afastamento voluntário só fazem sentido porque volto para os braços (e abraços) dos que diariamente viajam comigo nos olhos e no coração.
(E depois existe essa breve vertigem da noite de fim de ano quando, aqui tão longe (meu Deus, aqui tão longe) encontrei e amei outro olhar, de cor diferente, de língua diferente, de calor e toque diferentes mas de entrega tão igual. E essa presença persiste em me acompanhar agora, com uma força e uma intensidade que não podem existir nem fazem sentido. E conto os dias para a rever, nem que seja por uma última vez, desta vez enquanto não existem outras vezes, do outro lado do Atlântico onde vive. E assim, separados por tantos oceanos diferentes, descubro que apenas sei amar o impossível e que não existe para mim a paz de um amor tranquilo.)
7 comentários:
;-) fico contente com as noticias que chegam do oriente! imagina-te um Rei Mago e segue a tua estrelinha! bjsss sininho
E amar é mau? seja onde for é das melhores sensações da vida!!!
Caro Pedro, tenho minhas dúvidas de que amores não são tranquilos. Acredito que paixões não são tranquilas. E amores devem ser tranquilos para que permaneçam como amores.Eles precisam sim de momentos de paixão onde se renova alguns dos elementos que mantém esse amor.Espero que um amor em paz aconteça pra você, dono de tão "saborosas" palavras.
Oi, sou brasileiro e adori seu blog.Especialmente os fados...Eu sou encantado pela música portuguesa e pelo som das vossas falas.
Vou sempre passar por aqui e comentar os seus posts...
Compartilho com você esta inquietude e esse gosto pela arte.
Abraço fraterno d`além mar...
já chegou dessa longa viagem?
Oi Pedro, nossa! Estou, aqui, no meu cantinho, encantada com tuas palavras e sem palavras...Amei o post e ele me fez lembrar de Almeida Garret.."Este inferno de amar – como eu amo!
Quem mo pôs aqui n’alma… quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é vida – e que a vida destrói.
Como é que se veio atear,
Quando – ai se há-de ela apagar?".
É isso...pela falta do que escrever pois me deixaste em pleno silencio...termino aqui...mas continuo lendo teu blog...
Fica bem, abraços transatlânticos.
Belissimo, pela inteligência e pela sensibilidade. É nestas leituras que a solidão se sente acompanhada. E essa é uma dádiva!
Saudações cordiais
Sérgio Caldeira
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