Às vezes penso que não é verdade. Às vezes penso que a falta que me fazes não dói assim tanto. Mas depois fico sem ar e percebo que a tua ausência se torna difícil de ultrapassar. Por ser tão real, tão corpórea. Quero-te. Porque te amo. Não sei. Ou talvez porque não te amo mas porque me fazes falta. O teu corpo. O teu cheiro. O teu toque. O teu olhar. (Ah, esses olhos azuis.) É sentir-te longe e querer acreditar que estás perto de mim. Uma proximidade que se torna real no amor que quero fingir que não sinto... Quero partir contigo para esse país de mar, de ilhas, de sol, de azul... Do azul dos teus olhos.
domingo, 31 de agosto de 2008
sábado, 30 de agosto de 2008
Minha dor e meu caminho
Perdi-me no teu olhar
Cor de mar, azul profundo
Deixei tudo para te amar
Fiz do teu o nosso mundo.
Meu amor, minha gaivota,
minha dor e meu caminho
Enlouqueço por te não ter
Já não sei viver sozinho
Ouço o Fado dos teus olhos
Que me negam o teu amor
Calo o lamento em meu peito
E morro de tanta dor.
Foi no azul dos teus olhos
Que perdi o meu sossego
E choro no escuro da noite,
Porque te amo em segredo.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Que foi para sempre abandonado
"Que eu pudesse, enfim, dizer o que trago dentro de mim.
Gritar: gente, mentia-vos
Ao dizer que não tenho ISTO em mim,
Quando ISTO permanece cá de dia e de noite.
Embora, justamente graças a ISTO
Soube descrever as vossas cidades inflamáveis,
Os vossos breves amores e jogos desfazendo-se em pó,
Brincos, espelhos, uma alça que caía,
Cenas em quartos e em campos após a batalha.
A escrita era para mim estratégia de camuflagem,
De apagar vestígios. Porque não se gosta daqueles
Que aspiram o proibido.
Socorro-me dos rios nos quais nadava, dos lagos
Com uma passagem entre os juncais, do vale,
Onde o eco da cantiga é secundado pela luz do ocaso,
E confesso que os meus elogios extáticos da existência
Poderiam ser meros exercícios de estilo elevado,
Mas por baixo estava ISTO que não sou capaz de nomear.
ISTO é comparável aos pensamentos do desabrigado
Quando vai pela cidade gélida e estranha.
E ao instante em que o judeu acossado vê aproximarem-se
Os pesados capacetes dos gendarmes alemães.
ISTO revela-se também quando um príncipe vai à cidade
E vê o mundo real: a miséria, a doença, a velhice e a morte.
ISTO está igualmente no rosto petrificado de quem
Descobriu que foi para sempre abandonado.
E nas palavras do médico sobre a sentença sem recurso.
Porque ISTO significa o esbarrar contra o muro,
Sabendo que ele não cederá a quaisquer implorações nossas."
Gritar: gente, mentia-vos
Ao dizer que não tenho ISTO em mim,
Quando ISTO permanece cá de dia e de noite.
Embora, justamente graças a ISTO
Soube descrever as vossas cidades inflamáveis,
Os vossos breves amores e jogos desfazendo-se em pó,
Brincos, espelhos, uma alça que caía,
Cenas em quartos e em campos após a batalha.
A escrita era para mim estratégia de camuflagem,
De apagar vestígios. Porque não se gosta daqueles
Que aspiram o proibido.
Socorro-me dos rios nos quais nadava, dos lagos
Com uma passagem entre os juncais, do vale,
Onde o eco da cantiga é secundado pela luz do ocaso,
E confesso que os meus elogios extáticos da existência
Poderiam ser meros exercícios de estilo elevado,
Mas por baixo estava ISTO que não sou capaz de nomear.
ISTO é comparável aos pensamentos do desabrigado
Quando vai pela cidade gélida e estranha.
E ao instante em que o judeu acossado vê aproximarem-se
Os pesados capacetes dos gendarmes alemães.
ISTO revela-se também quando um príncipe vai à cidade
E vê o mundo real: a miséria, a doença, a velhice e a morte.
ISTO está igualmente no rosto petrificado de quem
Descobriu que foi para sempre abandonado.
E nas palavras do médico sobre a sentença sem recurso.
Porque ISTO significa o esbarrar contra o muro,
Sabendo que ele não cederá a quaisquer implorações nossas."
MIŁOSZ, Czesław, in 'Alguns Gostam de Poesia (antologia)'
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Como um só momento
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Nos meus ombros
terça-feira, 26 de agosto de 2008
O nosso caminho
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Would we stop to feel?
"We'd be so less fragile
If we're made from metal
And our hearts from iron
And our minds from steel
And if we built an armor
For our tender bodies
Could we love each other?
Would we stop to feel?
And you want three wishes:
One to fly the heavens
One to swim like fishes
And then one you're saving for a rainy day
If your lover ever takes her love away
You say you want to know her like a lover
And undo her damage, she'll be new again
Soon you'll find that if you try to save her
It renews her anger
You will never win
And you only want three wishes:
You want never bitter
And all delicious
And then one you're saving for a rainy day
If your lover ever takes her love away
You only want three wishes:
One to fly the heavens
One to swim like fishes
You want never bitter
And all delicious
And a clean conscience
And all it's blisses
You want one true lover with a thousand kisses
You want soft and gentle and never vicious
And then one you're saving for a rainy day
If your lover ever takes her love away"
domingo, 24 de agosto de 2008
Perdi a alma por te amar
Toquei teu cabelo cor de areia,
Amei teus olhos cor do mar.
Ganhei voz só por te ver,
Perdi a alma por te amar.
Partiste em hora sombria
Sem lágrimas, sem um lamento
Era noite ou era dia?
Eu morri nesse momento.
Eu queria ver os teus olhos
Azuis como a minha alma
É só por ti que eu espero
És só tu quem me traz calma
Essa gaivota que trazes
presa no pensamento
É o amor que eu te tenho,
É a razão do meu tormento.
Espero por ti, meu amor.
Espero por ti e lamento
Que não ouças a minha dor
Que te grita a voz do vento
Este meu fado é diferente
Daquele que tanto sonhei
No meio de tanta gente
Só perdi quem mais amei.
(Para a Katia, o Rui, o Marcello e o Mário.
Pela noite inesquecível. Pela partilha. Pelo Fado. Pela promessa. Pelo futuro.)
Pela noite inesquecível. Pela partilha. Pelo Fado. Pela promessa. Pelo futuro.)
sábado, 23 de agosto de 2008
Todos temos nosso fado
"Bem pensado
Todos temos nosso fado
E quem nasce mal fadado
Melhor fado não terá.
Fado é sorte
E do berço até à morte,
Ninguém foge, por mais forte,
Ao destino que Deus dá.
No meu fado amargurado
A sina minha
Bem clara se revelou,
Pois cantado
Seja quem for adivinha
Na minha voz, soluçando,
Que eu finjo ser quem não sou.
Bom seria poder um dia
Trocar-se o fado
Por outro fado qualquer…
Mas a gente
Já traz o fado marcado
E nenhum mais inclemente
Do que este de ser mulher."
Joao da Silva Tavares e Frederico de Freitas por Amália Rodrigues
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
O que a noite nos fez em muitos anos
"E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos."
David Mourão-Ferreira
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
À procura de um país de árvores
"Ainda espero o amor
como no ringue o lutador caído
espera a sala vazia
primeiro vive-se e não se pensa em nada
não me digam a mim
com o tempo apenas se consegue
chegar aos degraus da frente:
é difícil
é cada vez mais difícil entrar em casa
não discuto o que fizeram de nós estes anos
a verdade é de outra importância
mas hoje anuncio que me despeço
à procura de um país de árvores
e ainda se me deixo ficar
um pouco além do razoável
não ouvem? O amor é um cordeiro
que grita abraçado à minha canção"
José Tolentino Mendonça, in 'A noite abre meus olhos"
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Caminhar por uma terra assim
«Todas as coisas que amei ou acarinhei me foram roubadas. (...) Morremos albergando em nós uma miríade de amantes e de tribos, de sabores que provámos, de corpos como rios de sabedoria onde mergulhámos e nadámos contra a correnteza, de personalidades como árvores a que trepámos, de medos como grutas onde nos escondemos. Quero tudo isto marcado no meu corpo quando morrer. Acredito nessa cartografia - quando é a natureza que nos marca, em lugar de apenas inscrevermos o nosso nome num mapa, como os nomes dos ricos nas fachadas dos edifícios. Somos histórias colectivas, livros colectivos. Não somos escravos nem monogâmicos nos nossos gostos ou experiências. Eu só desejava caminhar por uma terra assim, onde não existissem mapas.»
Michael Ondaatje, in 'O Doente Inglês'
(via Portugal dos Pequeninos)
(via Portugal dos Pequeninos)
terça-feira, 19 de agosto de 2008
E dançar e cantar e dançar
"Vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar um novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Eu vou sair da beira do abismo
E dançar e cantar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar, eu vou te dar, eu vou...
Eu vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar um novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Vou sair da beira do abismo
E dançar e cantar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar, eu vou te dar, eu vou...
Hoje tem goiabada
Hoje tem marmelada
Hoje tem palhaçada
O circo chegou
Hoje tem batucada
Hoje tem gargalhada
Riso, risada de meu amor."
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar um novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Eu vou sair da beira do abismo
E dançar e cantar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar, eu vou te dar, eu vou...
Eu vou te dar alegria
Eu vou parar de chorar
Eu vou raiar um novo dia
Eu vou sair do fundo do mar
Vou sair da beira do abismo
E dançar e cantar e dançar
A tristeza é uma forma de egoísmo
Eu vou te dar, eu vou te dar, eu vou...
Hoje tem goiabada
Hoje tem marmelada
Hoje tem palhaçada
O circo chegou
Hoje tem batucada
Hoje tem gargalhada
Riso, risada de meu amor."
Arnaldo Antunes por Maria Bethânia, in 'Imitação da Vida'
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
De tanto te encontrar e te perder
"Não sei de amor senão o amor perdido
o amor que só se tem de nunca o ter
procuro em cada corpo o nunca tido
e é esse que não pára de doer.
Não sei de amor senão o amor ferido
de tanto te encontrar e te perder.
Não sei de amor senão o não ter tido
teu corpo que não cesso de perder
nem de outro modo sei se tem sentido
este amor que só vive de não ter
o teu corpo que é meu porque perdido
não sei de amor senão esse doer.
Não sei de amor senão esse perder
teu corpo tão sem ti e nunca tido
para sempre só meu de nunca o ter
teu corpo que me dói no corpo ferido
onde não deixou nunca de doer
não sei de amor senão o amor perdido.
Não sei de amor senão o sem sentido
deste amor que não morre por morrer
o teu corpo tão nu nunca despido
o teu corpo tão vivo de o perder
neste amor que só é de não ter sido
não sei de amor senão esse não ter.
Não sei de amor senão o não haver
amor que dure mais do que o nunca tido.
Há um corpo que não pára de doer
só esse é que não morre de tão perdido
só esse é sempre meu de nunca o ser
não sei de amor senão o amor ferido.
Não sei de amor senão o tempo ido
em que amor era amor de puro arder
tudo passa mas não o não ter tido
o teu corpo de ser e de não ser
só esse meu por nunca ter ardido
não sei de amor senão esse perder.
Cintilante na noite um corpo ferido
só nele de o não ter tido eu hei-de arder
não sei de amor senão amor perdido."
Manuel Alegre
domingo, 17 de agosto de 2008
Na surpresa dos instantes
sábado, 16 de agosto de 2008
Se sinto demais ou de menos
"Não sei sentir, não sei ser humano, não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens, meus irmãos na terra. Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, quotidiano, nítido. Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo. Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri. Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos. E fiquei triste como se tivesse querido vivê-los e não conseguisse. Amei e odiei como toda gente. Mas para toda gente isso foi normal e instintivo. Para mim sempre foi a excepção, o choque, a válvula, o espasmo. Não sei se a vida é pouca ou demais para mim. Não sei se sinto demais ou de menos. Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos, a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger, a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas, de todas as lógicas, de todas as sacadas e ir ser sevalgem entre árvores e esquecimentos."
Álvaro de Campos
sexta-feira, 15 de agosto de 2008
Que sejas o presente
"Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio
E suportar é o tempo mais comprido.
Peço-Te que venhas e me dês a liberdade,
Que um só de Teus olhares me purifique e acabe.
Há muitas coisas que não quero ver.
Peço-Te que sejas o presente.
Peço-Te que inundes tudo.
E que o Teu reino antes do tempo venha
E se derrame sobre a Terra
Em Primavera feroz precipitado."
Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
A hora de preparar o coração...
"No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estaria inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..."
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estaria inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração..."
Antoine de Saint-Exupéry, in 'O Principezinho'
(O inesperado acontece. Boas férias, no Báltico!)
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Aquele que partiu
"Aquele que partiu
Precedendo os próprios passos como um jovem morto
Deixou-nos a esperança.
Ele não ficou para connosco
Destruir com amargas mãos seu próprio rosto
Intacta é a sua ausência
Como a estátua dum deus
Poupada pelos invasores duma cidade em ruínas
Ele não ficou para assistir
À morte da verdade e à vitória do tempo
Que ao longe
Na mais longínqua praia
Onde só haja espuma sal e vento
Ele se perca tendo-se cumprido
Segundo a lei do seu próprio pensamento
E que ninguém repita o seu nome proibido."
Sophia de Mello Breyner Andresen
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Apenas nos iludimos
"... E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre
"Só hoje senti
que o rumo a seguirlevava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar
e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu
só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu"
Mafalda Veiga
domingo, 10 de agosto de 2008
Solidão, quem pode evitar?
"O deserto que atravessei
Ninguém me viu passar
Estranha e só
Nem pude ver que o céu é maior
Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar
É deserto onde eu te encontrei
Você me viu passar
Correndo só
Nem pude ver que o tempo é maior
Olhei pra mim
Me vi assim
Tão perto de chegar
Onde você não está
No silêncio uma catedral
Um templo em mim
Onde eu possa ser imortal
Mas vai existir
Eu sei, vai ter que existir
Vai resistir nosso lugar
Solidão, quem pode evitar?
Te encontro enfim
Meu coração é secular
Sonha e desagua dentro de mim
Amanhã, devagar
Me diz como voltar
Se eu disser que foi por amor
Não vou mentir pra mim
Se eu disser deixa pra depois
Não foi sempre assim
Tentei dizer
Mas vi você
Tão longe de chegar
Mais perto de algum lugar"
Zelia Duncan
(No dia em que assumi o fim. Até sempre meu amor.)
(No dia em que assumi o fim. Até sempre meu amor.)
sábado, 9 de agosto de 2008
Qualquer outro lugar comum
"Vamos fugir!
Deste lugar
Baby!
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue...
Vamos fugir!
Pr'outro lugar
Baby!
Vamos fugir
Pr'onde quer que você vá
Que você me carregue...
Pois diga que irá
Ira já, Ira já
Prá onde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer...
Guaporé, Guaporé
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, Céu azul
Onde haja só meu corpo nú
Junto ao seu corpo nú...
Vamos fugir!
Pr'outro lugar
Baby!
Vamos fugir
Pr'onde haja um tobogã
Onde a gente escorregue...
Vamos fugir!
Deste lugar
Baby!
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue...
Pois diga que irá
Ira já, Ira já
Prá onde eu só veja você
Você veja a mim só
Marajó, Marajó
Qualquer outro lugar comum
Outro lugar qualquer...
Guaporé, Guaporé
Qualquer outro lugar ao sol
Outro lugar ao sul
Céu azul, Céu azul
Onde haja só meu corpo nú
Junto ao teu corpo nú...
Vamos fugir!
Pr'outro lugar
Baby!
Vamos fugir
Pr'onde haja um tobogã
Onde a gente escorregue...
Tô cansado de esperar
Que você me carregue
Todo dia de manhã
Flôres que a gente regue...
Uma banda de maçã
Outra banda de reggae..."
Gilberto Gil por Skank, no dia dos teus anos
(Vamos fugir? Encontramo-nos na Índia?)
(Vamos fugir? Encontramo-nos na Índia?)
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
Busca
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Porto sventura a chi bene mi vuole!
"La mamma morta
m'hanno a la porta
della stanza mia;
moriva e mi salvava!...
Poi a notte alta io cor.Bersi errava,
quando,ad un tratto,un livido
bagliore
guizza e rischiara innanzi a'passi
miei
la cupa via!
Guardo!...Bruciava il loco di mia
culla!
Così fui sola!...E intorno il nulla!
Fame e miseria!...
Il bisogno,il periglio!...
Caddi malata!...
E Bersi,buona e pura,
di sua bellezza ha fatto
un mercato,un contratto per me!
Porto sventura a chi bene mi vuole!
Fu in quel dolore
che a me venne l'amor!
Voce piena d'armonia
E dice: "Vivi ancora! Io son la vita!
Nè miei occhi è il tuo cielo!
Tu non sei sola! Le lagrime tue
io le raccolgo!...io sto sul tuo
Cammino
e ti sorreggo!
Sorridi e spera! Io son l'amore!...
Tutto intorno è sangue e fango?...
Io son divino!...
Io son l'oblio!...
Io sono il dio
che sovra il mondo scende da
l'empireo.
Fa della terra un ciel....
Ah! Io son l'amor!..."
della stanza mia;
moriva e mi salvava!...
Poi a notte alta io cor.Bersi errava,
quando,ad un tratto,un livido
bagliore
guizza e rischiara innanzi a'passi
miei
la cupa via!
Guardo!...Bruciava il loco di mia
culla!
Così fui sola!...E intorno il nulla!
Fame e miseria!...
Il bisogno,il periglio!...
Caddi malata!...
E Bersi,buona e pura,
di sua bellezza ha fatto
un mercato,un contratto per me!
Porto sventura a chi bene mi vuole!
Fu in quel dolore
che a me venne l'amor!
Voce piena d'armonia
E dice: "Vivi ancora! Io son la vita!
Nè miei occhi è il tuo cielo!
Tu non sei sola! Le lagrime tue
io le raccolgo!...io sto sul tuo
Cammino
e ti sorreggo!
Sorridi e spera! Io son l'amore!...
Tutto intorno è sangue e fango?...
Io son divino!...
Io son l'oblio!...
Io sono il dio
che sovra il mondo scende da
l'empireo.
Fa della terra un ciel....
Ah! Io son l'amor!..."
"They killed my mother
Close by the doorway leading to
my chamber.
In dying,she saved my life.
Then,at dead of night.
I left the house with Bersi,
And in the distance,
The flames leapt up behind us;
Fierce tongues of fire set all the
sky aglow,
Lighting our path.
My home,my well-loved home,
Was burnt to ashes.
I was alone.
I had no shelter.
Hungry and needy,danger
haunted my footsteps.
Then I fell ill, and Bersi, poor
faitful creature,
She would not leave me:
She bartered her beauty to kee me alive.
I bring misfortune even to those.
who love me.
In all this sorrow,
My poor heart woke to love.
In a voice of soft compassion he
murmured: "Heard him who
calls thee. Life itseid enfolds thee!
In my arms, no harm can befall
thee,
I am here beside thee.
Thy tears of despair,I will banist
Tho guide thy faltering footsteps,
I shall be near thee!
Let joy fill thy being,
For Love itseld am I!
Though thy path be dark with
terror,
I shall bring solace.
Take heart again!
Raise your eyes and behold me;
I come to thee from out the vault
of heavem above,
Making earth a paradise.
The god of Love am I!"
Giordano: Andrea Chénier - Act 3: La Mamma Morta
(Maria Callas; Tullio Serafin: Philharmonia Orchestra)
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Demasiado amargo para que queira saber
"Na rua, um silêncio absoluto. Vêm-me à memória ou à imaginação, aquelas manhãs em que esperava pela minha mãe: à memória, porque foram, sem dúvida, manhãs; à imaginação, porque, como a vida, foram e já não voltam. Não sei se é saudade, não sei se é tristeza, não sei, porque é demasiado amargo para que queira saber. Penso num verso: A essência de Ser sufoca ante a visão do vazio infinito. A vida é um problema Distância e movimento, se Deus não chegar, a morte acabará por me levar até Ele e, mesmo aí, Deus pode não estar. Pode ser que Deus seja uma manhã em que eu, fingindo dormir, espere a voz da minha mãe; pode ser que a Morte seja o silêncio das ruas e a Fé uma vontade de sonhar.
Tenho tantas saudades tuas."
terça-feira, 5 de agosto de 2008
No demorado adeus da nossa condição
"Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh! como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solidário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente"
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
Oh! como é triste envelhecer à porta
entretecer nas mãos um coração tardio
Oh! como é triste arriscar em humanos regressos
o equilíbrio azul das extremas manhãs do verão
ao longo do mar transbordante de nós
no demorado adeus da nossa condição
É triste no jardim a solidão do sol
vê-lo desde o rumor e as casas da cidade
até uma vaga promessa de rio
e a pequenina vida que se concede às unhas
Mais triste é termos de nascer e morrer
e haver árvores ao fim da rua
É triste ir pela vida como quem
regressa e entrar humildemente por engano pela morte dentro
É triste no outono concluir
que era o verão a única estação
Passou o solidário vento e não o conhecemos
e não soubemos ir até ao fundo da verdura
como rios que sabem onde encontrar o mar
e com que pontes com que ruas com que gentes com que montes conviver
através de palavras de uma água para sempre dita
Mas o mais triste é recordar os gestos de amanhã
Triste é comprar castanhas depois da tourada
entre o fumo e o domingo na tarde de novembro
e ter como futuro o asfalto e muita gente
e atrás a vida sem nenhuma infância
revendo tudo isto algum tempo depois
A tarde morre pelos dias fora
É muito triste andar por entre Deus ausente
Mas, ó poeta, administra a tristeza sabiamente"
Ruy Belo
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Cari giorni
"Cari giorni a me sereni
d’innocenza e di virtù,
foste brevi, siete spenti,
né a brillar tornate più.
Nel dolor è scorsa intera
la prim’ora dell’età,
mia giornata innanzi sera
nel dolor tramonterà."
d’innocenza e di virtù,
foste brevi, siete spenti,
né a brillar tornate più.
Nel dolor è scorsa intera
la prim’ora dell’età,
mia giornata innanzi sera
nel dolor tramonterà."
“Meus caros, serenos dias
de inocência e virtude,
fostes breves, já não sois,
nem a brilhar voltareis.
Na dor, profunda dor,
a minha vida amanheceu,
o meu dia, com o crepúsculo
na dor irá anoitecer."
Giuseppe Persiani
Ines de Castro
(Salvatore Cammarano)
“Cari giorni a me sereni”
(Inês – Romanza – Acto II)
Ines de Castro
(Salvatore Cammarano)
“Cari giorni a me sereni”
(Inês – Romanza – Acto II)
domingo, 3 de agosto de 2008
E todo o corpo me doer de ti
sábado, 2 de agosto de 2008
A sede e a vibração de te beijar!
"Se fosses luz serias a mais bela
De quantas há no mundo: - a luz do dia!
- Bendito seja o teu sorriso
Que desata a inspiração
Da minha fantasia!
Se fosses flor serias o perfume
Concentrado e divino que perturba
O sentir de quem nasce para amar!
- Se desejo o teu corpo é porque tenho dentro de mim
A sede e a vibração de te beijar!
Se fosses água - música da terra,
Serias água pura e sempre calma!
- Mas de tudo que possas ser na vida,
Só quero, meu amor, que sejas alma!"
De quantas há no mundo: - a luz do dia!
- Bendito seja o teu sorriso
Que desata a inspiração
Da minha fantasia!
Se fosses flor serias o perfume
Concentrado e divino que perturba
O sentir de quem nasce para amar!
- Se desejo o teu corpo é porque tenho dentro de mim
A sede e a vibração de te beijar!
Se fosses água - música da terra,
Serias água pura e sempre calma!
- Mas de tudo que possas ser na vida,
Só quero, meu amor, que sejas alma!"
António Botto
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
Silêncio e ausência
E foi quando ela falou em "espaço imposto" e em "cessar fogo" que ele lhe respondeu:
- Meu amor, não há espaço "imposto" e o único fogo que existe é mesmo o que me faz gostar tanto, tanto de ti. Não há dia que passe que eu não acorde a pensar nas saudades que tenho e na falta que fazes na minha vida. São vários os momentos em que tenho vontade de te ligar, de ouvir a tua voz, de te abraçar, de te dar um beijo (mesmo daqueles que tu evitas). Mas pareceu-me pelas tuas indicações que eu estava a ir por um caminho que te incomodava em absoluto. E resolvi deixar-te respirar na expectativa que me procurasses. Queria sentir que também tinhas saudades minhas. Mas de repente só houve silêncio e ausência e eu fui ficando à espera. E é assim que continuo. Tudo o que mais quero é estar contigo mas quero sentir que tu também queres isso. Como vês é simples. Eu também vou estar aqui, no sítio de sempre. À tua espera.
Baixou os olhos e afastou-se. Pior do que a ideia do fracasso daquela relação era a certeza de que ela não o amava.
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